Boas expectativas para o Agronegócio
Pesquisadores traçam cenário favorável para a agricultura brasileira
A agricultura do país poderá ter um forte crescimento nos próximos anos. Mas, para que isso aconteça, são necessários investimentos em ciência e tecnologia, de acordo com a comunidade científica durante audiência pública da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), realizada em 28 de novembro.
O setor de produção de biocombustíveis foi considerado como um dos mais promissores a serem desenvolvidos. Segundo Gonçalo Amarante Guimarães Pereira, representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), se o Brasil utilizar metade dos 200 milhões de hectares destinados a pastagens, sendo grande parte degradada, poderá expandir a produção de etanol de tal modo que consiga substituir o consumo mundial de gasolina.
“Se em vez de produzirmos etanol de 1ª geração, produzirmos etanol de 2ª geração com cana-de-açúcar, uma conta simples mostra que, se dedicarmos a metade desta área de pastagem para esta produção, conseguiremos substituir o consumo global de gasolina”, afirma Gonçalo Amarante.
Declarou, também, que a mecanização do cultivo de cana-de-açúcar deverá demandar importantes desenvolvimentos tecnológicos. A produção de óleo de macaúba e a geração de eletricidade a partir de etanol e de biomassa foram outros nichos apontados como potenciais do agronegócio brasileiro.
Áreas degradadas e biodiversidade
De acordo com Elibio Leopoldo Rech Filho, diretor da Academia Brasileira de Ciências (ABC), o Brasil possui grande potencial de desenvolvimento da agricultura em áreas de pastagens degradadas.
Além disso, o pesquisador citou os enormes ganhos de produtividade de soja e reconheceu a importância da biodiversidade para esse resultado: “Essa nossa agricultura desenvolvida existe não somente em função do uso de ciência e tecnologia, mas também por causa da biodiversidade. Ela que fornece e dá o equilíbrio para todos os recursos aquíferos, proteção do solo, estabilidade climática, reciclagem do solo e nutrientes, biomas e ecossistemas”.
Necessidade de articulações
Já para Márcio de Miranda Santos, diretor-executivo do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), há necessidade de articulação entre os atores relevantes do setor agrícola. “O nosso sistema está muito desarticulado. Ele precisa de soluções no que diz respeito ao apoio do Legislativo, absolutamente fundamental para iniciativas que articulem esse sistema entre todos os seus principais atores, governo, empresa academia, sociedade civil organizada e sociedade civil que se auto-organiza”, avalia o presidente.
Fonte: Senado Notícias